Algumas situações são planejadas, mas outras nos tomam de surpresa. Como lidar com mudanças na vida sem estar preparada?
Mudar de casa, trocar de curso, ter um bebê ou até mesmo adotar um aumiguinho novo são mudanças grandes em nossa vida, mas com planejamento tudo fica mais fácil, não é mesmo?
Mesmo assim, algumas coisas fogem do nosso controle e aí vem aquele desespero. Imagina como deve ser para quem enfrenta a passagem de uma pessoa amada, a perda repentina do emprego, a mudança inesperada de cidade, uma doença ou uma briga com alguém querido.
Realmente, nunca estamos preparadas para as mudanças, sejam elas suaves ou intensas, pouco dolorosas ou imensamente tristes. O potencial devastador de uma notícia ruim também é transformador. E é sobre isso que vamos falar neste texto.
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Pipoca? Sim, você leu certo, é isso mesmo mesmo. E o que tem a ver pipoca com as mudanças na vida? Tem tudo a ver!
Eu li um texto bem interessante de Rubem Alves, chamado “A Pipoca”. Nele, Alves faz uma analogia sobre as mudanças e as transformações.
Acho que a melhor parte é quando ele menciona o milho de pipoca na panela, que, em agonia, espera seu fim e… puf! Uma pipoca leve e macia surge no lugar do milho mirrado e duro.
Pessoas que não aceitam as mudanças, se apegando ao passado, nunca deixarão de ser esse milho pequenino. As mudanças podem até ser forjadas no fogo da mágoa e da tristeza, mas as transformações internas muitas vezes são benéficas.
Vejamos um trecho desse texto:
Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, depressão – sofrimentos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: pum! – e ela aparece como uma outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante.
A pipoca, por Rubem Alves
Piruá é aquele milho de pipoca que teimou e no calor do fogo só se queimou e não virou a pipoca fofinha. Há quem veja isso como resiliência, mas nesse contexto pode ser teimosia ou simplesmente uma forma de não saber como lidar com as mudanças da vida.
Não seja um piruá. Não passe pelas mudanças com sofrimento sem levar consigo algo que acrescente na sua vida. Sem me estender, vou contar sobre uma mudança de vida que aconteceu (e ainda acontece) comigo.
Sou uma pessoa que não suporta finais e sempre falei “não sei lidar com perdas”. Um dia, estava assistindo ao capítulo final de uma série de animação da Netflix, chamada The Midnight Gospel (recomendo!), e me deparei com um assunto MUITO delicado para mim, a morte.
Chorei todas as lágrimas e tristezas que haviam em meu corpo durante todo o capítulo. Era pesado, triste e, apesar de ser uma animação, tratava-se de um podcast real, com assuntos reais e que foi animado. Isso foi demais para mim.
Precisava desabafar. Chamei uma grande amiga minha e falei sobre esse capítulo e repeti a frase “não sei lidar com perdas”. Eu sabia que da parte dela não viria um “tá tudo bem”, viria algo profundo. E veio.
Ela disse que eu não sabia lidar com fins de ciclo, pois nada se perde de fato. Todos esses finais – de vida, de emprego, de séries e livros – não passavam de mudanças e não eram perdas.
Eu precisava entender que não eram “finais”, mas mudanças. Durante a pandemia, pessoas que eu amo fizeram a passagem e eu entendi que não as tinha perdido, elas continuavam em minha mente e coração. Só haviam se transformado, mudado.
Se doeu? Doeu pra caramba, mas esse pensamento traz conforto de alguma forma e eu acredito que, estejam onde estiverem – céu, paraíso, summerland- eles estão bem e nos reencontraremos um dia.
O fogo veio e eu não virei um piruá.
Não é uma receita de bolo, mas funciona com muita gente. No entanto, vale lembrar que a mudança só acontece se você desejar. Mudar pelos outros, não é mudança. Pode até ser diferente no início, mas logo você volta ao que era antes.
Nada é para sempre: felicidade, tristeza, dor, momentos de prazer e desespero. Tudo isso tem um ciclo e, por fim, se transforma.
Por isso, ficar abraçada ao seu eu do passado não é muito bom. Como vai se abrir às oportunidades do futuro se está encolhida e dura como um piruá?
Viva o aqui e o agora. Tenha plena consciência da experiência que está vivendo. Se está comendo algo gostoso, aprecie cada sabor. Se está conversando com amigos, preste atenção aos detalhes.
Não viva presa ao passado e ao futuro (olha a depressão e a ansiedade, aí gente!). Aprecie o presente, tire lições das coisas ruins.
O luto não é só sobre morte, mas também quando alguém é demitido, quando uma amizade acaba, quando uma doença séria aparece. Viver luto é compreender que se está triste e esgotada, mas que isso passará em breve.
Não tente pular etapas e ignorar o que aconteceu. Para saber lidar com as mudanças na vida é preciso compreender tudo que está acontecendo, sem tentar acelerar o processo.
Inclusive, recomendo que leia uma outra matéria chamada Como lidar com o luto: a dor que precisa ser vivida.
Você muda ao longo dos anos. Pensa comigo: você é a mesma pessoa de 10 anos atrás? Definitivamente, eu não sou. Mas nem por isso eu sofro com essa mudança, pois eu sou uma pessoa melhor, mais espiritualizada e “calejada” com a vida.
Não esqueci e nem quero esquecer quem eu fui. Você também não deve esquecer o que já viveu e quem foi, só não pode se apegar. Liberte-se e viva o aqui e o agora com total intensidade.
Eu ainda estou em processo de mudanças (isso é contínuo, nunca para), procurando estudar para entender que minhas “perdas” são apenas ciclos que tiveram um fim e reiniciaram de outra forma. Também quero entender por que eu sofro tanto com isso (quem sabe em uma constelação familiar, não é mesmo?).
E você, sabe como lidar com as mudanças na vida? Conte algo que aconteceu com você e como você lidou (ou não) aqui nos comentários. Quem sabe você inspire alguém ou consiga conselhos de outros que já passaram pelo mesmo que você, não é mesmo?
Um grande beijo e não esqueça que nossos esotéricos estão sempre de braços abertos para ajudar você! ✨💖
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