Assim como o Cristianismo possui diversas vertentes de expressão, as religiões africanas e mais especificamente o Candomblé também as possuem. Conhecidas como Nações do Candomblé, elas são representações singulares do culto aos Deuses, com tradições, nomes e formas diferentes de manifestação.
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Deve- se lembrar que a África é um continente gigantesco em extensões territoriais e as maneiras de comunicação não eram como na atualidade. O homem desde cedo observou que há energias presentes em tudo que o rodeia e que elas na maioria das vezes têm o total controle sobre os acontecimentos e os ciclos da vida, essas energias são o Orixás, Inkices ou Voduns como são chamados.
Cada pedaço daquele território tinha seu reino e ele cultuava as Divindades de formas díspares, embora todos reconhecessem a presença de cada uma delas. Assim surgiram as nações do Candomblé. Quando esses povos foram atacados brutalmente e tirados à força de suas nações para serem escravos, eles espalharam pelo mundo uma mistura de tradições, que deu origem a outras vertentes do Candomblé (como as presentes no Brasil) e também levaram a sua própria cultura às demais localidades do planeta.
Essa forma de vida das religiões que eles mostraram ao mundo, deve-se ao fato de que com o fim de seus grandes reinos e suas autonomias, os africanos foram obrigados a se fortalecerem ainda mais na fé em sua religião e propagar por meio da memória e da fala a sua cultura. Essas eram as únicas maneiras de acreditarem que toda sua história não morreria ali e que pudessem ter um fio de esperança em um amanhã melhor.
Entre toda essa diversidade, podemos citar:
São de origem sudanesa, também chamado de grupo iorubá, nele encontramos os Candomblés: Ketu, Ijexá, Efan, Nagô Egbá, Xambá de Pernambuco e Batuque do Rio Grande do Sul.
Hoje a região de Daomé é conhecida como Benin, os Candomblés que são de sua origem: Fon, Fanti, Krumans, Agni, Mina, Éwé, Ashanti, Nzema e Timini.
Localizado principalmente na África subsariana, na Contra-Costa, conhecido principalmente pelos moçambiques: Angola, Cabinda e Congo.
Representados pelos: Benguelas, Congos, Cabindas e Ambundos de Angola.
Haúças, Mandingas, Fulas, Bornu, Grunci, Gurunsi e Tapa.
Aqui no Brasil as nações mais fortes são: Nação Angola, Nação Jeje e Nação Ketu. Cada uma delas possuem linguagens diferenciadas assim como as formas de realizaram seus rituais.
O Candomblé Ketu é o mais conhecido no Brasil. Segundo lendas contadas pelos próprios africanos, ele foi fundado na Bahia por princesas de Ketu e Oyó que chegaram aqui como escravas nos navios negreiros. O intuito dessas mulheres era de salvar sua cultura ainda de alguma maneira.
Os Orixás cultuados nessa religião são de origem Yorubá, o qual também está predominante no idioma utilizado. Essa nação possui também diferenças no toque dos atabaques, no símbolos e cores de cada Orixá.
Os ensinamentos do Ketu são transmitidos pelos Babalorixás e Yalorixás através da fala. Uma das peculiaridades é que a pessoa responsável pelo culto dos Eguns – chamado de Ojé – é um sacerdote com expertise nesse assunto, pois quem realiza os rituais para os Orixás não se envolvem com os direcionados aos Eguns.
Essa nação é considerada afro-brasileira pois mistura traços de origem bantu, – que compreende localidades do Congo e Angola – e que ganhou força dentro dos grupos de escravos africanos que tinham o dialeto de kikongo e kimbundo.
Quem já frequentou rituais de diferentes casas de Candomblé poderá notar que as expressões de canto, dança e batidas dos tambores de Angola são bem diferentes dos demais. Quando fala-se de nomenclaturas de cargos dentro dessa casa também encontra-se palavras distintas, por exemplo: o Pai de Santo é chamado de Tata Nkisi e a Mãe de Santo, Mametu Nkisi.
Os Orixás são denominados como Inquices (Inkices), e seu Deus maior é o Zambi.
Para adentrar a religião há um longo preparo: o batismo é o Massangá, onde se faz a cabeça do iniciado. Nesse processo usa-se o Obi e a água doce, depois o Bori (onde usa o sangue de animais relacionados à Inkice de cabeça da pessoa), a raspagem da cabeça, a obrigação de 1 ano, depois uma obrigação de 3 anos (para mudança do grau), de 5 e de por último de 7 anos. Após esse período a pessoa poderá ser um Tatá ou Mamety Nkisi, porém todo ano ela deverá renovar a obrigação de Obi ou Bori e de 7 em 7 anos repete-se todo ritual para se tornar um Kukala Ni Nguzu (homem forte).
Onde encontra-se uma casa de Angola, há uma bandeira branca que simboliza Mukuiú N´zambi, a nação.
No Brasil há diversas casas com características diferente do culto da Nação Jeje. Sua origem foi no Maranhão, mas após um período espalhou-se pelo Nordeste (principalmente Bahia e Pernambuco) e depois para São Paulo e Rio Grande do Sul.
Nesta casa, os Orixás são chamados de Voduns, e o Deus maior é o Mawu (a Lua). Mawu encontrava-se com seu amado Lissa (Sol) durante o eclipse, o que deu origem aos 14 Voduns.
No Maranhão o Candomblé Jejé ficou conhecido como Tambor de Mina, e o terreiro destinado ao seu culto corresponde a uma área ampla, pois precisam de: Casa de Legba. – onde realizam as obrigações maiores – pequenas casas das divindades, um barracão central para as danças, quartos para dormir, se vestirem e fazer os alimentos.
Para iniciar-se ao Candomblé de Jejê, é preciso um grande período de confinamento que pode durar de 6 meses há 1 ano. Durante esse processo tudo sobre o rituais e cultura será ensinado.
Outra curiosidade é que os assentamentos são feitos sobre pedras, pois elas são capazes de manterem uma ligação mais pura e forte com os Voduns cultuados.
Cada nação tem sua particularidade e não há como descrever cada detalhe de cada uma delas em um artigo, mas ter a consciência das suas existências e de suas singularidades básicas demonstra um maior respeito à todas elas, que representam a formação da cultura do Brasil.
Foram anos de tradições de um povo que tiveram sua estabilidade e continuidade ameaçada com a exploração que sofreram, porém a energia é mais forte e ela viveu e se espalhou por todo o mundo por meio da luta e do sangue de cada um desses africanos que acreditaram no seu berço e na sua nação.
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